
Ex-ministro de Bolsonaro é detido, suspeito de obstrução a julgamento por golpismo

A Polícia Federal deteve nesta sexta-feira (13) um ex-ministro de Jair Bolsonaro suspeito de obstrução ao julgamento do ex-presidente por uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, confirmou uma fonte da investigação.
Gilson Machado, ex-ministro do Turismo, foi interrogado pela PF, acusado de tentar ajudar o tenente-coronel Mauro Cid, ex-braço direito de Bolsonaro que colabora com o Supremo Tribunal Federal (STF) como delator e também é réu no julgamento pela trama golpista, a fugir do país.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o ex-presidente de ter liderado, sem sucesso, um plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, depois que este o derrotou nas eleições de outubro de 2022.
Neste sexta, "teve prisão do Machado e depoimento dele [à PF] e do Cid", disse uma fonte da investigação à AFP.
A Polícia Federal informou em nota que cumpriu "dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva expedidos pelo Supremo Tribunal Federal" em Recife e Brasília.
Machado ficou conhecido como "o sanfoneiro de Bolsonaro" porque costumava tocar esse instrumento musical em transmissões ao vivo do ex-presidente (2019-2022).
Antes de ingressar na prisão, o ex-ministro negou ter feito gestões junto ao consulado de Portugal no Recife para conseguir um passaporte a Cid que permitisse ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro sair do Brasil e evitar uma eventual condenação.
"Não matei, não trafiquei droga, [...] apenas pedi um passaporte para meu pai, por telefone", afirmou Machado a jornalistas.
Cid também foi alvo de um mandado de busca e teve que prestar depoimento à polícia.
Segundo a PGR, o suposto plano golpista de Bolsonaro não foi levado adiante por falta de apoio das Forças Armadas.
O ex-presidente, de 70 anos, e sete ex-colaboradores podem pegar até 40 anos de prisão se forem considerados culpados.
Bolsonaro afirma ser inocente e que é um "perseguido". O ex-presidente foi interrogado esta semana no STF e garantiu que nunca cogitou a ideia "abominável" de um golpe.
Também negou o depoimento prévio de Cid, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça e afirmou que o ex-presidente "enxugou" uma suposta minuta de um decreto que previa o estado de sítio e a anulação das eleições de 2022.
Bolsonaro está inelegível até 2030 por ter questionado, sem provas, a confiabilidade do sistema eleitoral.
Mas insiste em que será candidato nas eleições presidenciais de 2026, às quais Lula, de 79 anos, também poderá tentar a reeleição.
Y.Slowik--GL