
Alemanha julga 'Doutor Morte', acusado pelo assassinato de 15 pacientes

Um médico alemão de cuidados paliativos será julgado a partir desta segunda-feira (14) por supostamente ter assassinado 15 pacientes com injeções letais, embora os investigadores temam que estas vítimas sejam apenas a ponta do iceberg.
O suspeito de 40 anos, identificado pela imprensa alemã como Johannes M., é acusado pelas mortes de 12 mulheres e três homens entre setembro de 2021 e julho de 2024, quando trabalhava em Berlim.
A investigação aponta que ele injetou nas vítimas, que tinham entre 25 e 94 anos, um coquetel mortal de sedativos e, em alguns casos, incendiou suas residências para tentar acobertar os crimes.
Em julho de 2024, um colega alertou a polícia sobre a quantidade suspeita de pacientes deste médico mortos em incêndios, informou o jornal Die Zeit.
Johannes M. foi detido em Berlim em agosto do ano passado, acusado inicialmente pelas mortes de quatro pacientes.
As investigações revelaram outros casos suspeitos e, em abril, os promotores o acusaram de um total de 15 assassinatos.
Um porta-voz da Promotoria disse à AFP que ainda estão sendo investigadas 96 mortes suspeitas, incluindo o óbito da sogra de Johannes M.
- "Por que as pessoas matam?" -
Segundo o jornal Die Zeit, Johannes M., que passou a ser chamado de "Doutor Morte" pela imprensa, apresentou em 2013 uma tese de doutorado sobre uma série de assassinatos em Frankfurt, que começava com a pergunta: "Por que as pessoas matam?".
Os promotores afirmam que, nos 15 casos, Johannes M. "administrou um anestésico e um relaxante muscular aos pacientes (...) sem seu conhecimento ou consentimento".
O relaxante "paralisava os músculos respiratórios, provocando uma paralisia respiratória e a morte em minutos".
Em cinco casos, Johannes M. ateou fogo aos apartamentos das vítimas.
A Promotoria o acusa de assassinar dois pacientes no mesmo dia, um durante a manhã e outro à tarde, em 8 de julho de 2024.
Johannes M. não se pronunciou sobre as acusações até o momento. Os promotores afirmam que ele "não tinha nenhum motivo além de matar" e desejam uma pena de prisão perpétua.
O caso lembra o processo do enfermeiro alemão Niels Hoegel, condenado à prisão perpétua em 2019 pelo assassinato de 85 pacientes.
Hoegel, considerado o assassino em série mais prolífico da Alemanha, matou pacientes em hospitais com injeções letais entre 2000 e 2005. Ele foi preso quando planejava cometer outro assassinato.
Y.Borowski--GL