
Fotógrafo Sebastião Salgado morre aos 81 anos

O fotógrafo franco-brasileiro Sebastião Salgado, conhecido por suas grandes fotos em preto e branco de conflitos e da floresta amazônica, morreu aos 81 anos, anunciou, nesta sexta-feira (23), a Academia de Belas Artes francesa, da qual ele era membro desde 2016.
"Laurent Petitgirard, secretário perpétuo, os membros e correspondentes da Academia de Belas Artes têm a imensa tristeza de anunciar o falecimento, nesta sexta-feira, 23 de maio, aos 81 anos de idade, de seu companheiro Sebastião Salgado", lamentou a Academia em postagem na rede X.
A instituição, com sede em Paris, o descreveu como uma "grande testemunha da condição humana e do estado do planeta".
Em um comunicado enviado à AFP, sua família informou que "ele contraiu uma forma particular de malária em 2010, na Indonésia, no âmbito do projeto Gênesis".
"Quinze anos depois, as complicações desta doença resultaram em uma leucemia severa, que acabou por vencê-lo", detalhou.
"Através da lente de sua máquina, Sebastião lutou sem descanso por um mundo mais justo, mais humano e mais ecológico", acrescentaram seus familiares na nota.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também lamentou a morte de Salgado. No X, ele se disse "profundamente triste" com seu falecimento.
"Seu inconformismo com o fato de o mundo ser tão desigual e seu talento obstinado em retratar a realidade dos oprimidos serviu, sempre, como um alerta para a consciência de toda a humanidade", destacou.
"Salgado não usava apenas seus olhos e sua máquina para retratar as pessoas: usava também a plenitude de sua alma e de seu coração", continuou.
- Legado único -
O fotógrafo deixa um legado único em imagens de suas centenas de viagens que o levaram à floresta amazônica, mas também a outras partes do planeta, de Ruanda à Indonésia, da Guatemala a Bangladesh, capturando com sua lente as tragédias humanas, como a fome, as guerras e os êxodos em massa.
Grande testemunha da condição humana e do estado do planeta, Sebastião Salgado entendia a fotografia como "uma linguagem poderosa para tentar estabelecer uma relação melhor entre o homem e a natureza", lembrou a Academia de Belas Artes francesa em sua biografia.
Salgado trabalhava quase que exclusivamente em preto e branco, que ele considerava uma forma de interpretação da realidade e, ao mesmo tempo, uma maneira de traduzir a dignidade irredutível da humanidade.
Nascido em 8 de fevereiro de 1944 em Aimorés, na zona rural de Minas Gerais, economista de formação, exilou-se na França em 1969, fugindo da ditadura militar no Brasil, acompanhado de Lélia Wanick, que se tornaria sua companheira de vida e mãe de seus dois filhos.
Sebastião Salgado começou sua carreira como fotógrafo profissional como um autodidata em 1973, em Paris, e ao longo da vida trabalhou para as agências Sygma, Gamma e Magnum até 1994. Então, fundou com sua esposa uma agência dedicada exclusivamente a seu trabalho, a Amazonas Images, que se tornou seu estúdio.
Suas fotos foram publicadas na imprensa internacional e em revistas renomadas, como Life e Time, e se tornaram tema de incontáveis livros e exposições pelo mundo.
M.Stefanski--GL