Gazeta Lodz - Chefe da OMS pede 'clemência' a Israel na guerra em Gaza

Em uma declaração emocionada na assembleia anual da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou que o conflito no devastado território palestino prejudica o próprio Israel e não levará a uma solução duradoura.

"Posso imaginar como se sente o povo de Gaza neste momento. Posso sentir o cheiro. Posso visualizar. Inclusive posso ouvir os sons. E é pelo TEPT [transtorno de estresse pós-traumático]", disse Tedros, de 60 anos, que durante a infância viveu tempos de guerra na Etiópia.

Ele acrescentou que "é realmente errado" transformar a falta de alimentos e suprimentos médicos em armas.

As Nações Unidas começaram a distribuir ajuda em cerca de 90 caminhões que entraram em Gaza, na primeira entrega de assistência desde 2 de março, quando Israel impôs um bloqueio total ao território palestino.

Tedros afirmou que somente uma solução política poderá levar a uma paz que transcenda gerações.

"Sinto que a guerra está prejudicando o próprio Israel e não trará uma solução duradoura", afirmou.

Michael Ryan, diretor de emergências da OMS, informou que 2,1 milhões de pessoas em Gaza estão "em risco iminente de morte".

A OMS tem alertado que os moradores do território sofrem com a grave escassez de alimentos, água, suprimentos médicos, combustível e refúgio, e que apenas 19 dos 36 hospitais da Faixa seguem operacionais.

"Pelo menos 94% dos hospitais da Faixa de Gaza estão danificados ou destruídos", acrescentou a organização, enquanto o norte de Gaza "ficou quase sem atenção médica".

A agência de saúde da ONU alertou que restam apenas 2.000 leitos hospitalares disponíveis em todo o território palestino, um número "totalmente insuficiente para satisfazer as necessidades atuais".

I.Laskowski--GL