
Tailândia alerta para risco de guerra com Camboja, após combates com mais de 138 mil deslocados

A Tailândia advertiu nesta sexta-feira (25) que os confrontos na fronteira com o Camboja podem escalar para uma guerra, após dois dias de combates mortais que deixaram mais de 138 mil tailandeses deslocados.
Uma disputa territorial de décadas desencadeou intensos combates com jatos, artilharia, tanques e tropas terrestres na quinta-feira que preocupam a comunidade internacional.
O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência nesta sexta-feira em Nova York, a pedido do primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet.
O primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, alertou que "se a situação se agravar, poderá evoluir para uma guerra — embora, por enquanto, ela se limite a confrontos".
O ministro tailandês do Interior apontou que mais de 138.000 civis das quatro províncias fronteiriças com o Camboja, incluindo 428 pacientes hospitalizados, foram transferidos para abrigos temporários.
As autoridades tailandesas declararam a lei marcial em oito distritos da fronteira com o Camboja, anunciou Apichart Sapprasert, comandante da força fronteiriça nas províncias de Chanthaburi e Trat.
O balanço dos confrontos na Tailândia subiu nesta sexta-feira para 15 mortos - um soldado e 14 civis - e 46 feridos.
Em seu primeiro relatório desde o início das hostilidades, as autoridades provinciais do Camboja relataram uma morte e cinco feridos.
Os combates foram retomados em três áreas na madrugada desta sexta-feira, afirmou o Exército tailandês.
No entanto, o porta-voz da chancelaria tailandesa, Nikorndej Balankura, disse à AFP que havia sinais de que os combates estavam diminuindo e que seu país estava aberto a negociações, possivelmente com a mediação da Malásia.
"Estamos prontos. Se o Camboja quiser resolver esta questão por via diplomática, bilateralmente ou mesmo através da Malásia, estamos prontos para isso. Mas até agora não recebemos nenhuma resposta", disse Nikorndej à AFP.
A Malásia atualmente ocupa a presidência do bloco regional da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), do qual Tailândia e Camboja são membros.
- "Não sei quando poderemos voltar para casa" -
Embora o balanço de vítimas do Camboja seja baixo, jornalistas da AFP viram quatro soldados feridos e três civis recebendo tratamento em um hospital em Oddar Meanchey.
Os soldados disseram que ficaram feridos durante os combates de quinta-feira, enquanto os civis afirmaram que foram atingidos por estilhaços.
Na cidade cambojana de Samraong, a 20 quilômetros da fronteira, jornalistas da AFP viram famílias fugindo em alta velocidade em veículos com seus filhos e pertences em meio aos disparos.
"Moro muito perto da fronteira. Estamos com medo", disse Pro Bak, de 41 anos, à AFP. Ele levava a esposa e os filhos para um templo budista em busca de refúgio. "Não sei quando poderemos voltar para casa", acrescentou.
Os combates marcam uma escalada dramática em uma longa disputa entre os vizinhos — ambos destinos populares para milhões de turistas estrangeiros — pela fronteira compartilhada de 800 quilômetros.
Os combates eclodiram entre 2008 e 2011, deixando pelo menos 28 mortos e dezenas de milhares de desabrigados.
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Z.Tomaszewski--GL