
Suspensão da última etapa da Volta da Espanha provoca batalha política

A oposição espanhola criticou, neste domingo (14), o governo de esquerda de Pedro Sánchez pela suspensão da última etapa da Volta da Espanha, em Madri, devido a protestos pró-Palestina, elogiados pelo Executivo.
O líder do conservador Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, principal representante da oposição espanhola, classificou como "vergonha internacional" a suspensão da prova de ciclismo pelos protestos e acusou o governo de os ter incentivado.
"O governo permitiu e induziu a não conclusão da Volta e, com isso, uma vergonha internacional televisionada em todo o mundo", escreveu no X Núñez Feijóo, horas depois de o presidente do governo, o socialista Sánchez, ter demonstrado o seu "orgulho" pelas manifestações pró-palestinos que marcaram a prova.
Sánchez fez estas declarações pela manhã, antes dos incidentes da tarde, quando os manifestantes, numerosos em Madri, acabaram invadindo o percurso, o que levou a organização a decretar o fim da etapa e da Volta a 50 km da capital.
Em suas primeiras declarações públicas sobre o assunto, Sánchez expressou seu "reconhecimento e respeito absoluto aos atletas", mas também sua "admiração por um povo como o espanhol, que se mobiliza por causas justas, como a da Palestina".
"A Espanha brilha hoje como exemplo e motivo de orgulho, exemplo perante uma comunidade internacional que vê como a Espanha dá um passo à frente na defesa dos direitos humanos", declarou ele em um evento do Partido Socialista em Málaga.
O prefeito de Madri, José Luis Martínez Almeida, também do PP, disse que o que aconteceu em Madri "é fruto e resultado do ódio e da violência que têm sido promovidos de forma irresponsável nos últimos dias por líderes da esquerda, do governo e, especialmente hoje, pelo presidente, Pedro Sánchez".
Mais de 100.000 pessoas participaram dos protestos e duas foram detidas, informaram as autoridades espanholas.
Após a suspensão, a segunda vice-presidente do governo espanhol, Yolanda Díaz, afirmou que "Israel não pode participar de nenhum evento enquanto continuar a cometer um genocídio", em uma mensagem no Instagram, aludindo à participação da equipe Israel-Tech na Volta, origem dos protestos.
"A sociedade espanhola deu uma lição ao mundo ao paralisar a Volta", concluiu Díaz.
O ministro para a Transformação Digital, Óscar López, disse, em declarações à rádio Cadena Ser, que "a notícia é que o povo de Madri disse 'basta' ao genocídio".
"Eu também sou fã da Volta, mas acho que isso é um apelo à consciência internacional", acrescentou.
U.Marciniak--GL